Há dez anos, preservar essa fábrica parecia quase ingênuo.

Na época, a unidade da Pierre Fabre em Areal, no estado do Rio de Janeiro, era analisada como um ativo a ser encerrado. Os cenários estavam prontos, os números alinhados, a decisão parecia racional.

Mas, no terreno, algo resistia.

Equipes que continuavam acreditando no futuro. Uma planta industrial viva. E uma pergunta simples, mas desconcertante, repetida por muitos atores locais: como explicar que todos aqueles que acreditam no Brasil investem, enquanto outros optam por sair?

Aos poucos, uma nova leitura começou a se impor.

Aquela fábrica deixou de ser apenas uma unidade industrial.

Passou a ser um alicerce.

Não mais um centro de custos, mas uma promessa industrial.

Não um legado a ser encerrado, mas uma plataforma para a América Latina.

Essa trajetória exigiu tempo, constância e um tipo particular de coragem gerencial — a de sustentar uma visão de longo prazo quando o curto prazo parece mais confortável. Ela foi construída localmente, próxima da realidade do chão de fábrica, no contexto complexo de uma transformação industrial profunda.

Dez anos depois, o anúncio dessa unidade como centro de produção para a América Latina dá a essa história uma ressonância especial.

Ele lembra que algumas decisões só revelam todo o seu sentido com o tempo — e que conduzir localmente um projeto dessa magnitude deixa uma marca duradoura, muito além dos cargos ou funções ocupadas.

Porque os projetos mais fortes não são aqueles que simplesmente se concluem.

São aqueles que permanecem motivo de orgulho… muito tempo depois.

Emmanuel de Ryckel